INSTITUIÇÃO CENTENÁRIA

19 DE JUNHO DE 1898

Nossa História

O Asilo Padre Cacique é uma organização não governamental, sem fins lucrativos. A entidade foi fundada em 19 de junho de 1898 pelo Padre baiano Joaquim Cacique de Barros, que já naquele século realizava obras assistenciais. Filho de um mestre na construção de barcos, nasceu em Ribeira do Itapagipe, Salvador, em 11 de agosto de 1831, tendo, aos 32 anos de idade, vindo morar, exercer o sacerdócio e dedicar-se a causas filantrópicas em Porto Alegre, à época com aproximadamente 20 mil habitantes.

Em sua longa trajetória, foram muitos os momentos de dificuldades. A Sociedade Humanitária Padre Cacique consolidou seu prestígio e escreveu sua trajetória. Em muitos momentos, a sociedade, organizada para acolher e manter pessoas idosas carentes de ambos os sexos, sem distinção de raça, cor ou credo religioso, enfrentou sérias dificuldades para manter as instituições, como o Colégio de Santa Tereza e o Asilo de Mendicidade Padre Cacique, no século passado, e o Asilo São Joaquim, inaugurado em 1932.

Missão

O Asilo Padre Cacique acolhe e mantém pessoas idosas a partir dos 60 anos de idade em situação de vulnerabilidade social, executando serviços, programas, projetos e benefícios socioassistenciais, culturais e recreativos de forma gratuita e de caráter continuado prolongado.

Visão

Tornar o Asilo Padre Cacique um centro de referência como Instituição de Longa Permanência para Idosos, desempenhando com eficácia e efetividade o atendimento Gerontogeriátrico, necessário no processo de envelhecimento, contribuindo na construção de uma cultura de respeito ao idoso.

Valores

  • Filantropia: Suprir as necessidades biopsicossociais dos idosos por meio de um atendimento gratuito
  • Fraternidade: Proporcionar um ambiente de convívio, com harmonia e amizade.
  • Ecumenismo: Propiciar um espaço para todos os credos e crenças religiosas.
  • Ciência: Manter-nos atualizados quanto aos conhecimentos científicos e tecnológicos, necessários ao funcionamento de nossa organização social, principalmente sobre o processo de envelhecimento.

PADRE CACIQUE

A história do Padre Joaquim Cacique de Barros, o Padre Cacique, começa no século XIX, num pequeno povoado da capital da Província da Bahia. Foi nessa longínqua e bela terra, cercada de águas, que no décimo primeiro dia do mês de agosto de 1831, nasceu o Padre Joaquim Cacique de Barros. Filho de José Raimundo de Barros e Alexandrina Rosa da Encarnação, uma família que somava mais cinco irmãos.

Após completar os estudos preparatórios na capital, ingressou no seminário arquiepiscopal da diocese baiana, onde cursou teologia, com dedicação, brevidade e brilhantismo, merecendo elogios e admiração de mestres, como o filósofo reputado Frei Antônio da Virgem Maria Itaparica, e de colegas ilustres, como o Padre Emilio Pinto e o erudito Antônio de Macedo Costa, mais tarde Bispo do Pará.

Aos 18 dias do mês de novembro de 1848, Padre Cacique recebeu Ordem para Tonsura e, no mesmo dia, também Ordem para Menores. No dia 30 de maio de 1852, recebeu para Subdiácono; no dia 3 de outubro, também de 1852, para Diácono, e no dia 11 de dezembro de 1853, recebeu Ordem para Presbítero. Embora tivesse concluído o curso, não possuía ainda a idade exigida para receber o título sacerdotal. Enquanto esperava atingir a idade necessária, resolveu estudar determinadas disciplinas e dedicou seu tempo ao magistério. Em 1853, atingindo a idade precisa, com 22 anos de idade, recebeu das mãos do Arcebispo Dom Romualdo Antônio de Seixas, Marquês de Santa Cruz, o Sagrado Presbiterado.

Estava o jovem sacerdote iniciado na carreira apostólica.

Com a saúde precária e sua vocação de ensinar, transfere-se para o Rio de Janeiro e, após sua recuperação, não podendo reprimir os impulsos de sua vocação, entrega-se novamente ao magistério, lecionando no curso de preparatórios no Mosteiro de São Bento e no antigo Colégio Pedro II. 
Uma coisa faltava a Cacique de Barros nessa época: o complemento de uma de suas nobres aspirações, os estudos matemáticos ainda por concluir. Para isso, matriculara-se na antiga Escola Central. E, como prosseguir nesses estudos, se por força regulamentar tinha que prestar exames prévios, sem o que era impossível a matrícula? 
Não relutou, não suplicou favores nem implorou indulgências. A ideia de alcançar aprovações suplicadas era coisa que ele não aceitava pela sua formação moral, sua independência e caráter. Prestou todos os exames exigidos e realizou, desse modo digno, sua nobre aspiração, concluindo com admirável vantagem o curso de Matemática. 
Mais uma vez, sua saúde frágil impediu-o de prosseguir seus estudos e trabalho, quando ele próprio reconheceu a necessidade de repouso mental e, aconselhado pelo seu médico, resolveu procurar o clima saudável da Província de São Pedro do Rio Grande do Sul.

Ao chegar a Porto Alegre, quatro anos após Dom Sebastião assumir a Diocese, Padre Cacique foi instalar-se no Palácio Episcopal com seu conterrâneo e amigo, o Bispo Laranjeira, vindo a ser um presente de Deus para o seminário. Graças à sua experiência, foi desde logo integrado no corpo docente do Seminário, e suas aptidões na área do magistério foram aproveitadas, sendo nomeado professor de Retórica e Eloquência Sagrada. Ao mesmo tempo, é também designado para auxiliar o virtuoso e estimado Vigário José Inácio de Carvalho Freitas como seu coadjutor e passa a ensinar catequese na Paróquia de Nossa Senhora do Rosário.

Na educação, foi um batalhador sem limites. Segundo dados históricos, o fato mais marcante que levou o Padre Cacique a dedicar sua vida à educação da juventude aqui em Porto Alegre foi o fato de ele ter presenciado um acontecimento com uma menina, no saguão do Seminário D. Feliciano. Era um hábito do padre de observar as pessoas que frequentavam o prédio do seminário, apenas por curiosidade ou em busca de ajuda para solucionar seus problemas. Isso acontecia regularmente, e grande número de velhos, mulheres e crianças pobres se reuniam no saguão para receber esmolas do Bispo Laranjeira, retiradas da Caixa Pia.

Em uma dessas ocasiões em que o Padre Cacique assistia à distribuição das esmolas, notou que entre os pedintes havia uma mãe inválida e sua filha, uma menina frágil, distraída, mas com uma expressão simpática, que ali fora também para receber esmolas.

Sentiu-se profundamente comovido com a situação da referida menina. Passa-lhe rapidamente pelo pensamento sobre que futuro estaria reservado àquela pobrezinha, já naquela idade, a triste condição de esmolar? De súbito, lhe ocorre na lembrança a fundação de um asilo para amparar e educar meninas órfãs desvalidas. A ideia se fixou e acendeu na alma do padre a chama do inapagável compromisso com os órfãos, os velhos e os desvalidos de Porto Alegre.

Padre Cacique pensava dia e noite numa possível solução para resolver a situação que se encontravam as suas educandas. Foi quando num momento que só podia ser iluminado por Deus, lembrou de um edifício por acabar, em estado de abandono, o Asilo Santa Teresa. Um edifício localizado na estrada que marginava a Praia de Belas, em direção ao Cristal, na orla do morro, margem do Guaíba, distante cinco quilômetros da cidade. Uma área conhecida como Chácara de Santa Teresa, propriedade nacional.

No dia 2 de dezembro de 1845, D. Teresa Cristina, por meio do Decreto Imperial nº 449, fundou o Colégio para Educação de Meninas Órfãs.

Em 1881, o padre baiano Joaquim Cacique de Barros deu início à construção do Asylo da Mendicidade, na Chácara do Cristal, sopé do Morro Santa Teresa, às margens do Guaíba. Planejado para ter 90 metros de comprimento por 45 de largura, a obra teve a direção técnica do engenheiro Álvaro Nunes Pereira, mas o grande impulsionador foi o dinâmico religioso, que chegou a atuar como operário e ao mesmo tempo administrador e arquiteto, além de arrecadador de doações.

A 19 de junho 1898 foi inaugurado o asilo, sendo recolhidos a ele os primeiros mendigos. Incorporava-se à paisagem da cidade, no sopé do Morro Santa Tereza, com a frente voltada para o Rio Guaíba, o monumento-lar dos decrépitos e de mendigos. Com duas áreas ajardinadas cercadas por galerias, uma na seção de homens, e outra, na de mulheres, separadas por uma capela, cuja torre se avista à distância.

Joaquim Cacique de Barros manteve e dirigiu a instituição até 13 de maio de 1907, data do seu falecimento.

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